sábado, 22 de agosto de 2015

Capitulo 1 - Tempo Desafiador

 Chuva, apenas isso, pingos e mais pingos de chuva, caindo sobre os vidros do carro, onde eu me encontrava hipnotizada, pelas inumeras canções que vinham de dentro da minha confusa e estranha mente, canções que soavam como uma trilha sonora, de um filme, que só era assistido por mim.
 Eu estava voltando para casa, junto de minha mãe, ela estava dirigindo e reclamando da chuva, isso me irritava, cada palavra que saia da boca dela, que se referia ao tempo de hoje, estava me tirando do sério, mas infelizmente, eu tinha que escutar, pois meu fone de ouvido, quebrou e meu celular estava descarregado, e no carro, não havia rádio, que triste não ?...

- Porra, essa chuva não para nunca, vamos nos atrasar -disse minha mãe-
-Nos atrasar para que exatamente ? -perguntei-
- Temos que ir na casa de uma amiga 
- Por que eu tenho que ir junto ? Não pode ir sozinha ?
- Onde eu vou você vai, pois eu sou sua mãe 
- Eu tenho 18 anos, sou adulta 
- Mesmo assim, eu não quero que fique em casa sozinha
- Então me leva para a casa da minha tia, prefiro mil vez ficar lá, ao invés de ir para casa da sua amiga
- Está de mau-humor ?
- Não, apenas quero ficar na casa de pessoas que eu conheço, e que me conhecem, e não de uma amiga sua, para ficar apenas escutando conversas e mais conversas sobre a vida de vocês
- Você vai comigo! -disse minha mãe com a voz firme-
- Não, eu não vou! -respondi com firmeza-
-Então desce, e vai para casa sozinha, já que sabe cuidar de si mesma -ela parou o carro e abriu a porta- Anda! Vai para casa 
- Se é assim que você quer, mamãe -sai do carro e bati a porta com força-

 Comecei a andar pela ruas escuras de São Paulo, em plena zona norte, estava perdida, passava por pessoas estranhas, que me encaravam com pena e algumas com más intenções, eu apenas passava olhando para a frente, tomando chuva.
 Cheguei no ponto de ônibus, esperando algum que fosse para o mêtro mais próximo, fiquei horas e horas esperando, não estava com o celular, não tinha nenhum meio de comunicação, estava morrendo de fome, e cansada demais para andar mais, até que o ônibus chegou, pelo menos estava com a minha bolsa. Subi no ônibus e paguei o cobrador, e passei pela catraca, sentei em um banco perto da porta, olhei para a janela, fiquei olhando por horas, e pensando na briga com a minha mãe, estava me sentindo um pouco mal, mas mesma assim, não daria o braço a torce.

 Cheguei em casa, entrei e olhei para a sala, ela estava lá assistindo televisão, quando cheguei no pé da escada, ela me chamou :

- O que ?
- O que vai fazer sem isso ? - me motrou meu celular-
- Pode ficar para você, tenho notebook para isso 
- Você está muito levada, acha que pode falar assim comigo ? -disse levantando-
- Não estou sendo levada, apenas estou respondendo sua pergunta
- Me respondendo assim, você vai acabar me obrigando a tomar uma atitude desnecessária 
- Eu sei que não sou fácil, mas aguentar algumas atitudes suas, não é fácil também 
- Eu sei que não conversamos tudo, mas não precisamos nos tratar assim 
- Concordo, então me devolve meu celular, assim posso descansar tranquilamente
- Mas antes, você tem que comer alguma coisa 
- Bem lembrado, estou morrendo de fome -rimos juntas- Me desculpa mãe 
- Me desculpa também filha - abracei ela e fomos para a cozinha-

 Minha mãe fez o jantar, comemos, peguei meu celular e subi para o meu quarto, coloquei para carregar, depois fui direto para o chuveiro, me senti bem relaxada. Assim que terminei de me banhar, coloquei meu pijama, e liguei meu notebook, comecei a conversar com as minhas amigas, e conversei tanto, quando olhei para o relógio eram 02:43 da madrugada, desliguei o notebook, e me deitei.

 No dia seguinte...

 Acordei 09 horas da manhã, com a luz do sol batendo contra o meu rosto, levantei, peguei meu celular e desci para tomar café, a Rosa já estava em casa 

- Bom dia Ella
- Bom dia Rosinha, como foi sua semana ?
- Boa, a sua deve ter sido cansativa, ou estou errada ?
- Esta certa, trabalhos e mais trabalhos, fiz todos essa semana, e estou cansada, pensei seriamente em matar meus professores 
- Não faça isso querida, eles fazem a diferença na vida de cada aluno 
- Mesmo assim Rosinha, eles não um porre -rimos-
- Você é inacreditável 
- Eu sei -sorri- O que tem para o café ?
- Pão de queijo, café e entre outras coisas, pode escolher 
- Tudo bem! Obrigada Rosinha 

 Sentei no baquinho do balcão da cozinha, comecei a comer e meu celular tocou, era minha melhor amiga :

- Ligação-

- Oi Nathy
- Rafa, você tem que vir aqui 
- O que ? Por que ?
- Tem uma festa, hoje, temos que ir 
- Só você para me tirar de casa, em pleno sabádo -ri-
- Mas e aí, vamos ?
- Claro, que horas ?
- 18 horas aqui, não se atrasa 
- Okay, vou estar ai 18 horas 
- Fica gata, beijos 
- Tudo bem, beijos -ri-

-Ligação encerrada-

 Liguei para a minha mãe, avisei sobre a festa, ela permitiu, com o pé atrás, mas permitiu, separei minha roupa, confirmei com as meninas. Tomei banho, coloquei minha roupa de ficar em casa, desci, para almoçar, já eram 12:58, almocei, assisti um pouco de televisão, olhei para o relógio, eram 15:39, subi correndo, tomei banho, sequei meu cabelo, fiz minha make, coloquei minha roupa, mas não ficou legal, troquei de roupa de novo, de novo, de novo e de novo, até que encontrei a roupa perfeita, coloquei, e disse para mim mesma :

- É essa! -sorri-

 Coloquei a roupa , desci, quando a Rosa me viu, ficou sem palavras :

- Gostou Rosinha ?
- Você está linda, mas está parecendo as garotas do meu bairro, elas andam assim
- Eu tenho meu próprio estilo, elas que me copiam
- Mesmo assim, você está linda, e espero que se divirta
- Eu vou Rosinha, pode apostar -sorri-
- Mande um beijo para a Nathália
- Pode deixar, Rosa, onde você colocou o meu capacete ?
- Está na garagem, do lado da sua moto
- Okay, obrigada Rosinha, até amanhã -disse saindo-

 Tranquei a porta da frente, me dirigi até a garagem, e peguei minha moto, coloquei o capacete, subi na garupa, e dei partida. Dirigi até a casa da Nathy, a mesma estava me esperando na frente de sua casa, parei a moto na frente dela :

- Eu não vou subir nisso, estou de salto
- Eu também estou, mesmo assim não estou reclamando
- Eu estou de vestido -revirei os olhos-
- Vai no seu carro, eu vou de moto
- Tudo bem! -ela disse indo até seu carro- Cuidado, para não se perder
- Estarei bem atrás de você -liguei a moto-

 Ela deu partida, e eu a segui, estavamos chegando no local da festa, quando chegamos, ela me avisou buzinando, paramos, e a mesma saiu do carro :

- Chegamos
- É aqui ?
- Sim -disse sorrindo- Desce logo dessa moto
- Quem é o dono da festa ?
- Um amigo meu, agora desce da moto e vamos entrar
- Vou prender minha moto primeiro, calma, estressada

 Desci da moto, prendi a mesma em um poste de luz, coloquei meu capacete, dentro do carro da Nathy, e entramos na festa, estava muito agitada, muitas pessoas dançando, soando, se pegando.  Começamos a andar em direção do bar :

- Uma vodka com gelo por favor -pediu a Nathy ao barman-
- E você o que vai querer ? -me perguntou o barman-
- Vou querer um whisky duplo por favor -ele afirmou com a cabeça-

 Fiquei olhando toda aquela gente, dançando e se beijando, só conseguia pensar em como aquilo havia se tornado comun para mim, mas, ainda os via como completos estranhos, que só queriam estar ali, por apenas uma noite, apenas uma.
 Nathy levantou e foi correndo abraçar um cara que não me era muito estranho, ela me chamou, peguei meu copo, que o barman havia me dado, bebi um pouco e fui em direção à eles :

- Ella, esse é o Samuel, meu grande amigo
- Prazer em conhece-lá Rafaella
- Me chame de Ella, assim é mais fácil
- Okay, estou vendo que estão bebendo já
- Sim, você me conhece Muca, não dispenso uma boa vodka -disse Nathy rindo-
- Bom, eu vim aqui convidar vocês, para ficarem na área VIP comigo e alguns amigos, o que acham ?
- Eu topo -Nathy respondeu sem exitar-
- E você Ella, nos acompanha ? -disse Samuel, me esticando a mão-
- Claro, vamos -virei meu copo de whisky e segurei a mão dele-

 Subimos uma escada, que daria direto na área VIP, quando chegamos, haviam muitos garotos, e umas 3 ou 4 garotas, nos aproximamos, e Samuel nos apresentou a todos eles :

- Galera! Essas são Nathy e Ella -todos nos comprimentaram- Meninas, esses são, Felipe, Rafael, Thiago, Adam, Guilherme, Daniel e Ricardo
- Olá meninos -disse Nathy-
- E as garotas são, Gabriela, Paola, Karen e Laura -ele apresentou as garotas-
- Vocês parecem ser legais -disse a Nathy-
- E somos -afirmou Daniel-

 Ficamos conversando por horas e bebendo, quando senti que a Nathy estava começando a beber demais, peguei o copo da mão dela, e a levantei :

- Vamos, está na hora de ir pra casa
- Mas já ? -disse ela meio enrolada- Está cedo
- Cedo ? Já são 01:22 da madrugada, vamos
- Mas como eu vou dirigir assim ?
- Você se vira, quem mandou beber 6 copos de vodka
- Eu levo ela -disse Samuel- Mas se ela veio de carro, você veio como ?
- Vim de moto
- Você tem uma moto ? -perguntou Rafael-
- Sim -olhei para ele, e fiquei hipnotizada por aqueles olhos azuis- Bom, vamos
- Você está bem para dirigir ? -perguntou ele novamente-
- Sim, sei cuidar de mim, já sou bem grandinha, não acha ?
- Acho, mas tome cuidado
- Vou tomar, não se preocupe -sorri-

Samuel pegou a Nathy no colo, e saímos da festa, quando chegamos no carro dela, colocamos a mesma, no banco de trás, peguei meu capacete, e fui até minha moto, quando liguei a mesma, alguém me chamou :

- Espera, Ella espera -era o Rafael-
- O que foi ?
- Me passa seu número de telefone
- Pra que ?
- Quero manter contaro com você
- Mas você não me conhece, por que quer meu número ?
- Preciso conhecer você melhor -sorriu-
- Precisa ? Por que quer tanto me conhecer ?
- Acho que...vale a pena conhecer uma garota tão independente
- Me acha independente ?
- Acho, forte também, corajosa
- Corajosa ?
- Para dirigir uma moto, a pessoa deve ser corajosa, não acha ?
- Sim, mas isso não me torna corajosa, apenas desafiadora
- Desafiadora ?
- Sim, gosto de me desafiar, espero sempre o melhor desafio da vida
- Então é uma aventureira ?
- Posso dizer que sim -sorri-

 Samuel buzinou, olhei para o Rafael, peguei o celular dele, e coloquei meu número, tirei uma foto minha e coloquei no contato, anotei o número dele no meu celular e tirei uma foto dele :

- Pronto, não espere que eu ligue para você -sorri e liguei a moto novamente-
- Acredite, não vou esperar -sorriu e se afastou-
- Espero vê-lo novamente
- Acredite, vai ver

 Coloquei meu capacete, e parti. Segui o carro até a casa da Nathy, quando chegamos, desci da moto, e ajudei o Samuel a tirar a Nathy do carro, colocamos ela dentro de casa, deixamos a mesma no sofá e fomos embora :

- Ela vai ficar bem ? -perguntou Samuel-
- Sim, vai acordar com uma dor de cabeça infernal, mas vai ficar bem
- Bom, tenho que ir, é um caminho longo até em casa
- Tenho que ir também, amanhã tenho coisas para fazer
- O Rafa, gostou bastante de você
- Não gostou nada, só me achou uma presa fácil
- Não, ele gostou mesmo de você
- Não diga bobagens
- Vamos fazer assim então, se ele não ligar amanhã, você está certa
- Onde quer chegar com... -ele me interrompeu-
- Espere! Mas se ele ligar amanhã, eu estou certo
- Bom, dúvido muito que esteja certo, mas...tudo bem! Vamos ver amanhã -coloquei o capacete- Até breve Samuel
- Por favor me chame de Muca
- Okay, Muca, até breve
- Até breve Ella

 Liguei a moto e dei partida, fui para casa, quando cheguei, minha mãe ainda não havia chegado, então guardei a moto na garagem, e entrei em casa. Subi para o meu quarto, tirei minha roupa e tomei um banho. Predi meus cabelos, retirei a maquiagem, e deitei em minha cama.
 Mais uma noite sem próposito, mas com uma descoberta imensa, mas será que está noite ficará marcada ou será apenas mais uma noite vaga ? As vezes o tempo me supreende, trazendo com ele, um desafio incrível e curioso.

CONTINUA...

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